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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Entrevista

Samariquinha se inspira e divulga: Fabíola Rocha

A coluna “Samariquinha se inspira e divulga”, deveria ter sido publicada na terça, 29 de março, exatamente quinze dias após a entrevista com Susana Tavares, no entanto, em março parece que relógio andou depressa demais e me atrasei. Mas, para fechar o mês, fui buscar lá em Rondônia, um trabalho em cerâmica lapidado de sensibilidade pela artista Fabíola Rocha.
Desde a primeira vez que meus olhos pousaram e se encantaram comas peças dessa ceramista paraense, senti necessidade de saber mais sobre a vida dessa criadora. Não tive dúvidas e já escrevi o seu nome na minha lista de pessoas que entrevistaria para esse projeto da coluna.
Fabíola hoje vive em Rondônia, mas nasceu no Pará, onde viveu aquele tipo de infância que só existe hoje, em pequenos recantos do Brasil. E é do arquivo infantil de sua vida, que vem boa parte da bagagem inspiradora de seus trabalhos. Nas mãos da artista, a argila vira bonequinhas, anjos, saboneteiras, porta incensos, luminárias, porta guardanapos, entre outras peças.
Busquei minhas inspirações em dois períodos, um quando mergulho em minha infância e experimento momentos que só existem no universo infantil, nesta fase pude vivenciar experiências inesquecíveis, como o Círio da Nossa Senhora de Santa Izabel. Onde crianças se transformavam em anjos para saldar a virgem padroeira da cidade”.Ressalta Fabíola.
Formada em arquitetura e urbanismo em 1999, com especialização em Design de Ambientes pela faculdade de belas Artes –SP e Formação em Design Estratégico pelo Centro de Pesquisa do Instituto Europeu de Design – CRIED, Fabíola conta como foi parar no mundo encantado da cerâmica.

1-Você é arquiteta por formação. Quando e como aconteceu de a arte começar a fazer festa na sua trajetória profissional?  
Na faculdade as disciplinas que mais me atraiam eram às ligadas às artes plásticas.  Sempre me encantei com a cerâmica. Apesar de morar em uma região onde o trabalho artesanal em cerâmica é muito forte, foi em São Paulo que tive de fato meu primeiro contato com a cerâmica.  Foi no ateliêr Luzes da Terra, que tive o prazer de descobrir o efeito da luz na iluminação. Na busca pela especialização fui morar no interior de São Paulo e em São Carlos, conheci uma ceramista Chilena que me apresentou a escultura.  

2- Como se dá o seu processo de criação? A rica cerâmica Marajoara te inspira? Fala um pouco sobre as suas referências, as suas fontes de inspiração.
Sim me inspira e muito, para mim a cerâmica marajoara é uma das manifestações de estilos cerâmicos mais sofisticados, dentre outros do nosso rico país. Acredito que as minhas maiores  inspirações sejam as crianças e anjos. A pureza de uma criança está impressa nas asas de anjos. Assim, anjos são crianças que guardam nossas vidas e encantam nossas almas. Procuro em meu trabalho resgatar de alguma forma, elementos culturais pelo qual fizeram parte de minha vida. No círio de Nazaré, crianças se transformam em anjos para saldar a virgem padroeira da cidade. 
3- Hoje como é o seu cotidiano de trabalho?Você tem um ateliêr? Trabalha sozinha ou já tem equipe?
Infelizmente ainda não consigo me dedicar Full-time ao ateliêr. Então, duas vezes por semana vou lá para produzir minhas peças. O espaço se chama Mãos da Mata e fica em Porto Velho, Rondônia.
4-Quais técnicas são usadas no seu trabalho?
Trabalho com modelagem em cerâmica e esmaltação de baixa e alta temperatura.

 
5- Pelas fotos do flickr, as esculturas de bonecas são o seu forte. Fala um pouco sobre elas.
As bonequinhas são meus encantos, cada uma em particular surge no momento de sua execução, logo aparecem e ocupam a sua forma. Há algum tempo venho buscando inspiração em artistas ceramistas alemãs que admiro como Elya Yalonetski  e Gerit Grimm, as quais são exímias artistas quando conciliam a técnica com a originalidade em seus trabalhos.  
 
6- Para apostar nesse teu sonho de ceramista você abriu mão de um trabalho formal como arquiteta?
Infelizmente, ainda não foi possível me dedicar unicamente ao artesanato, entretanto venho trabalhando e projetando meu futuro profissional para me dedicar exclusivamente à cerâmica em um espaço de tempo mais curto possível.
7- Sabemos que hoje em dia para crescer no mercado de arte e design, se faz necessário ser empreendedora. Quais são seus projetos?
Sei que há alguns caminhos a serem empreendidos. como produzir um artesanato de qualidade requer técnica, conhecimento e originalidade, trabalho para realizá-los.
 
8-Como faz para conciliar a mulher, mãe e ceramista?
É uma loucura, para dar conta do cotidiano bem agitado. Dedico-me a produção das peças em horários alternativos, as madrugadas são companheiras deste processo. 

9-Para os interessados em aprender esse oficio, você ministra aulas?
Tenho projetos futuros, mas no momento ainda não consigo conciliar. 


10-Além da cerâmica, parece que você também trabalha com cheiros. Vivendo num lugar onde a diversidade de plantas é notória, deve ser quase impossível trabalhar com a terra sem usar as plantas e raízes não?
Então, outra paixão em minha vida. Em Belém há uma cultura de aromatizar as roupas com sachês feitos de raízes extraídas da floresta, são aromas amadeirados muito exóticos. Procuro em meu trabalho resgatar traços da cultura paraense, e sempre o reverencio com linhas aromáticas. Como é o caso das bonequinhas sachês de pendurar, que possuem partes não esmaltadas para receber os aromas e perfumar o ambiente.

 
11- Onde podemos comprar as suas peças? Você participa de feiras pelo Brasil?
Minhas peças estão à venda no site Elo7 ou podemos negociar através do meu email: Fabíola_e_rocha@yahoo.com.br


Obrigada Fabíola por nos ter dado a oportunidade de saber um pouquinho sobre a sua vida de mulher, mãe, arquiteta e artista.



Para conhecer mais o trabalho de Fabíola Rocha:http://www.flickr.com/photos/56307115@N03/

Aproveito para fazer um link para dois blogs que também entraram nessa rede de divulgação de trabalhos: http://retalhosetcetal.blogspot.com/
http://www.peixesempeixes.blogspot.com/

5 comentários:


audiencia da tv disse...
ola passando aqui pra dizer que seu trabalho ta sensacional. que o blog tbm adorei mesmo, e que passei a ser seu seguidor se quiser seguir o meu agradeço tenha uma otima semana abraços e muito sucesso no que faz!! http://audienciadatvrealtimes.blogspot.com/
Peixesempeixes disse...
Micheline e Fabíola, pós leitura da entrevista, estou eu aqui apaixonado; maravilhosa entrevista... Fiquei com muitas vontades; de ir a belém do Pará, de por a mão no barro, na terra, cheirar mato, ... Ai ai esse gosto de infância que nos deixa leve e como se tivessemos asas de anjos voar voar e viver mais, lindamente. Mi, parabéns pela entrevista Fabíola, parabéns pela artista linda que és... É difícl escolher uma só peça, mas o moldura com as quatro bonecas é demais. Beijos e muita luz para vocês. Vou divulgar entrevista agora, pois vale muito a pena compartilhar com amigos no face e no orkut.
Katima disse...
Os trabalhos são lindos, nosso país é rico em sua cultura e temos que valorizar, valeu a reportagem!! Beijos Kátima
A Arte da Vida disse...
Bem, juntar Samariquinha e Mãos da Mata, me faz arrepiar!Cheias de sensibilidade e amor ao que fazem... o que as tornam artistas da melhor linhagem! Parabéns Fabíola, filha querida,pelos primeiros mas certeiros passos para liberar toda a bagagem criativa e simbólica,que sempre fizeram de você a mais espirituosa das filhas!E como mãe agradeço a Deus a possibilidade de ter lhe incentivado desde pequenina, a expressar seu rico interior,primeiro no desenho e agora na cerâmica! Parabéns Fabíola e obrigada Micheline, pela oportunidade de ver você e Fabiola entrelaçadas pela arte! Orgulho-me muito de ser sua mãe Fabíola e de ser também sua admiradora Micheline! Beijos Katia Esteves
Luciane Costa e Silva disse...
Eu sou suspeita, tenho peças da Fabíola aqui em casa, além de ter um lar aconchegante feito com o carinho da Fabi. Mas assim que vi as bonequinhas pela primeira vez, vi que era a alma da própria Fabíola, projetada em pureza. É leve, é incrível, divino. Fabi, o mundo precisa conhecer a sua arte! E acho que com a sensibilidade da Samariquinha já começou...Bjs, Lú.

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